O Castelo de Beaxbatons era uma ode à perfeição: um verdadeiro palácio! Percorreram o jardim e, depois de baterem à porta, esperaram. Dumbledore havia enviado uma coruja a Madame Olympe Maxime, avisando-a da sua chegada. E foi exactamente Madame Maxime quem lhes de as boas vindas, quando a porta se abriu revelando um esplendor ainda mais soberbo, repleto de beleza magnânima, que reluzia no Hall de entrada do Castelo. Agora que olhava Beaxbatons pela primeira vez, Dumbledore chegava à conclusão que não existiria Directora mais adequada a esta academia de magia, pois o próprio Castelo parecia ter sido erguido inspirado nesta brilhante feiticeira, reconhecida não apenas pelo seu trabalho enquanto directora de Beaxbatons mas também pelos seus enormes poderes mágicos; o seu nome dizia quase tudo, “Olympe” invocava o grande panteão dos Deuses Gregos e “Maxime” invocava a beleza e a grandiosidade. E assim era Beaxbatons, enorme e belo! Quando Madame Maxime se afastou da porta, permitindo-lhes a entrada nos domínios do palácio, o deslumbramento apoderou-se de todos; ficaram perplexos perante tamanha imponência e beleza. Nas paredes do hall, que exibiam cores de tons azuis-claros, finas tiras de talha de ouro desenhavam molduras onde belíssimas pinturas os olhavam com interesse. O chão era de puro mármore. Pelas altas janelas chegavam danças de cores enquanto a luz invadia o cenário, inundando o hall de vida. Tapetes deslumbrantes levavam a vários corredores onde espelhos dourados assumiam mil formas, reflectindo o esplendor. Tudo isto era banhado por um leve cheiro que fundia flores frescas com o salgado mar. Nem parecia um Castelo, pelo menos não como Hogwarts, cuja beleza era também fenomenal, mas de uma forma mais crua. Beaxbatons parecia um fino fresco pintado com cores delicadas em tons de pastel, salpicadas com o cheiro do mar e polvilhadas com a mais pura beleza da magia.
- Venham. Entrrremos então no nosso Palácio; - disse Madame Maxime, pegando no braço do seu amigo de longa data “Dumbly-dorr”! Este mais parecia correr para acompanhar o paço da directora, que tinha sangue de gigante. Seguiram por um dos corredores onde se espalhavam os espelhos que reflectiam as suas silhuetas ora excessivamente gordos, ora incrivelmente altos ou demasiado baixos e magros. De quando em vez apareciam enormes portas de mogno escuro. Talvez a entrada para as salas de aula. O corredor era longo mas, estranhamente, não se viam quaisquer alunos, o que tornava este Castelo muito diferente de Hogwarts, onde a azáfama de alunos se espalhava pelos corredores a todos os momentos. Hermione admirava cada pedaço do castelo, bebendo da fonte da beleza. Enquanto isso Harry e Ron riam baixinho do passo extraordinário de Dumbledore! Finalmente o corredor terminou e entraram numa divisão enorme onde dezenas de escadas se moviam de um lado para o outro, tal como em Hogwarts. Aqui a beleza continuava a imperar, com as escadas construídas em mármore e corrimões ornamentados com motivos preciosos, talhados com extrema perícia ora em tons azuis-claros ora em tons pérola. Não usaram as escadas onde novamente nenhum estudante poderia ser visto. Continuaram a andar em frente, atravessando uma porta que os levaria a uma bizarra sala onde de súbito pareciam cessar as paredes, existindo apenas um tecto de veludo. A ausência de paredes delimitadoras deixava transparecer a natureza quase exótica que provinha de um jardim interior onde diversas cores se misturavam com o azul de um lago banhado pelos raios alaranjados de um magnífico pôr-do-sol. E ali, no jardim, pareciam estar todos os alunos reunidos, as raparigas, de pele clara e cabelo louro vestiam uniformes de seda azul-clara, como eles tinham visto em tempos em Hogwarts. Os rapazes vestiam uniformes de cetim de azul mais profundo. A beleza natural dos alunos e alunas não deixavam o palácio envergonhado, mantendo com ele uma rivalidade saudável.
Entraram no jardim e permitiram que um final de tarde perfeito lhes desse as boas vindas, momentos antes de o sol se esconder, deixando as sombras da noite repousar sobre todos. Um enorme relógio dourado soou oito badaladas, dando o sinal para o jantar. Os alunos olharam-nos, com um interesse que rapidamente se dissolveu. Pareciam ter esperado por algo mais… Abandonaram o jardim e entraram por uma porta que os levou a um corredor similar ao primeiro pelo qual haviam passado. Primeiro seguiram todos os alunos e depois seguiram eles, acompanhando Madame Maxime. Entraram por fim numa sala que equivaleria ao salão nobre de Hogwarts. Era uma enorme sala com três mesas corridas onde os alunos se sentaram aleatoriamente para grande espanto de Harry e Ron que trocaram olhares surpreendidos até que Hermione lhes sussurrou:
- Em Beaxbatons não existem equipas…lembro-me de ter lido isso numa obra que… - o sussurro de Hermione foi cortado pelos sorrisos de Harry, Ron e Dumbledore. Passaram entre duas mesas e dirigiram-se a uma outra mesa, a dos professores, que lhes aparecia no fundo da sala, construída em madeira de freixo antigo, belissimamente encrustada por rubis e esmeraldas que faziam dançar a mescla de vermelho e verde pela sala, onde tornavam ainda mais mágicas as centenas de estátuas de gelo que se espalhavam pela sala. Nas lareiras brilhavam lumes de várias cores. Por trás da magnifica mesa erguiam-se três pinheiros brancos, agigantando-se orgulhosamente à sumptuosidade de uma das mais belas salas que já haviam visitado. À medida que avançavam, logo atrás de Madame Maxime, os alunos levantavam-se e, colocando as mãos atrás das costas, mostravam um inequívoco respeito pela sua directora. Na mesa central vários professores estavam sentados, deixando ao centro cinco lugares desocupados, que lhes eram destinados. No seio da mesa algo brilhava em tons de azul, um azul tão intenso que apenas poderia ser proveniente de algo mágico. Quando alcançaram a mesa os Professores levantaram-se pois era assim que demonstravam respeito pelos convidados. Sentaram-se em cadeiras de cristal. Madame Maxime continuou de pé, bloqueando a vista para a proveniência da luz azul, que parecia ser criada por uma chama. Sensações de saudosismo imergiram nos corações de Harry, Ron, Hermione e até de Dumbledore, como se conhecessem aquela chama. Passaram os olhos pela sala, a vista era maravilhosa: os alunos erguidos, esperando que Madame Maxime tomasse o seu lugar, as paredes eram ornamentadas com janelas de ouro que mostravam uma vista ainda mais preciosa, ora sobre o mar, que assumia tons negros desenhados pelo luar, ora sobre um bosque de altas árvores. As estátuas de gelo reflectiam as danças de cores…sob as mesas estavam deliciosos pratos de fino recorte e de cheiro delicioso. Depois foram devidamente apresentados pela Directora, que usou frases lisonjeiras como “…o maiorrrr feiticeirrrô de todos os tempos, regrrressado de uma viagem pelos limiarres da morrrrte…” e “Harrrry Potterrr, o nosso salvadorr” que fez com que Harry e Dumbledore corassem um pouco. Quando Madame Maxime tomou o seu lugar, descobriu a fonte de tão fenomenal chama:o espanto tomou conta de todos, Harry, Ron, Hermione e Dumbledore trocavam olhares de incredibilidade: estavam na presença do Cálice de Fogo! E isso apenas poderia significar uma coisa, o torneio dos três feiticeiros realizar-se-ia naquele ano em Beaxbatons! E foi então que Albus Dumbledore percebeu o alcance das visões que o tinham assolado quando visitara pela primeira vez a fonte da magia: “uma candeia dourada ardia no interior de um ceptro, banhados em luz azul de uma chama mágica; um espelho incompleto reflectia-os, onde uma entrada em forma de arco se erguia…”. O Cálice de Fogo era uma das chaves da magia…

Na penumbra que se impunha ao fim do dia o silêncio vingava. Ninguém ousava proferir um som. Num momento de pura magia uma esponja lavava alguns pratos, pairando orgulhosamente sobre a lava louças instalada na cozinha da “Toca”. A noite chegou sem que os sons se impusessem ao silêncio. E a escuridão da noite era a desculpa que Ginny precisava para se escapar do ambiente defunto que pairava na família. Subindo as escadas, dois degraus de cada vez, depressa entrou no seu antigo quarto. Deitou-se na cama, sem fechar os olhos e esperou que todos adormecessem. Segurava na mão um colar, em forma de coração. Como não se tinha lembrado disto antes? Perguntava-se, segurando cada vez com mais força no colar. Tinha sido um presente de James : “…um presente para que nunca sinta a tua falta, sem poder logo abraçar-te…” . E Ginny amaldiçoou-se por apenas agora perceber: não era apenas um simples colar, era um botão de transporte! Era meia-noite. Ginny levantou-se e pegou numa mochila que já tinha preparado. Fechou os olhos e respirou fundo. Segurando o colar, murmurou algumas palavras que se perderam no ar. Fechou os olhos e sentiu-se levitar, rodopiando no ar surreal que a apertava, retirando-lhe o ar. A aterragem foi dura, lançando-a ao chão. Abriu os olhos e respirou profundamente. O ambiente nocturno recebia da lua uma luz alaranjada. As rochas agigantavam-se a uma vegetação rasa que balançava no ar frio da noite. Caído perto das rochas estava uma pequena varinha. Ginny pegou-lhe, madeira de abeto com núcleo de sangue de dragão. A varinha do seu filho, James. As lágrimas corriam-lhe no rosto quando o cheiro salgado impregnou a sua alma. Estava perto do mar…o raciocínio corria livremente e rapidamente: Voldemort deveria ter levado James para um esconderijo, um sítio que lhe dissesse algo, que fosse importante…talvez um sítio que já tivesse usado uma vez: a gruta onde o feiticeiro negro tinha escondido o medalhão! Procurou um pouco e encontrou o medalhão de James, um para ela e outro para ele, tinha sido o melhor presente que tinha recebido e agora tal assumia contornos ainda mais verdadeiros...

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