Por momentos o silêncio imperou e nem os lumes abrigados pelas lareiras do salão ousaram crepitar. O espanto enleou-se no mistério dando por fim origem ao medo. Sim, o medo ribombava em cada espírito, medo do desconhecido…pois poderia Albus Dumbledore ter vencido a morte? Contudo não era só o medo que acompanhava cada segundo de tensão. Enquanto os olhares se fixavam num dos heróis da magia, também a saudade ditava as descompassadas batidas dos corações mágicos. E essa saudade era expressada através das lágrimas que não hesitavam em correr nos rostos de todos os presentes. Lágrimas que corriam também no rosto de Dumbledore, descendo até ao eterno abrigo de pérola fornecido pela sua magnífica barba.
- Muitos de vós ouviram estas palavras noutros dias, mas infelizmente são elas as palavras mais apropriadas para esta ocasião: Grandes mentes cometem grandes erros!
E é por um erro, oh… um infeliz e enorme erro…é devido a esse infortúnio que me encontro aqui perante vós – as palavras de Dumbledore ressoavam pelo salão nobre fazendo eco nos corações dos presentes que não evitavam expressões de espanto. – Contudo, e penso ser essa a maior infelicidade, não tenho ainda a certeza da magnitude desse erro, pois ainda não sei delineá-lo; meus caros, o que tenho para vos dizer poderá abalar muitos de vós pois certamente me abalou a mim…

Se fora o silêncio que precedera a explicação de Dumbledore era também o silêncio que reinava no final das suas palavras. Mas era um silêncio diferente, era frio e cortante onde outrora fora quente e esperançoso, era violento e medonho onde fora espantoso e fantasioso. Mas nem todos os ouvidos foram tocados pelas palavras do mestre; Apesar de ninguém ter reparado ouve quem se tivesse levantado e tivesse saído pelo seu próprio pé, sorrateiro e cuidadoso, apresentando olhos desprovidos de qualquer vontade e movimentos enérgicos, alguém conduzido pela magnânima vontade de outrem. Havia-se escapado sem se fazer notar pois as palavras de Dumbledore haviam sido absorventes, distraindo todos os outros, e assim era também o estado de espírito dos presentes depois de ouvir o que Dumbledore tinha para lhes contar. O medo voltara pois “Aquele que não deve ser Nomeado” voltara! Harry e Ginny olharam para a mesa dos Griffyndor, procurando instintivamente pousar o olhar nos seus filhos. Algo não estava bem, sentiam-no: um aperto no coração, como nunca haviam experimentado! Os seus olhos repousaram em Albus, depois em Lilly…mas não encontrariam o sorriso de James!
- JAMES!!!- gritaram em uníssono... – Todos olharam para eles, assustados. James não estava ali… O som de varinhas a serem desembainhadas tomou conta daa noite enquanto um único pensamento percorria as mentes de todos.
- AH..AH…AH… - Um riso maléfico inundou o mundo, destruindo a esperança. Parecia vir lá de fora; Harry foi o primeiro a reagir, conhecia bem aquele riso. Correu para a porta do salão, sendo desde logo seguido por Ginny, Ron, Hermione e todos os outros. Dumbledore fechou os olhos e empunhou a sua varinha. A porta do salão estremeceu com a força avassaladora que acompanhava Harry. Um frio cortante deu-lhe as boas vindas enquanto uma bruma fantasmagórica lhe toldou a visão. Correu impelido por um pressentimento, que o guiava através do pesadelo de perder um filho. A orla da Floresta Proibida abrigava uma figura de média estatura que envergava um manto negro de capuz profundo. Harry não lhe conseguiu distinguir o rosto mas soube que era ele. Uma nova risada foi lançada no ar em tom de desafio. Foi então que o viu, caído aos pés da figura negra, sem expressão… ali estava James, o seu filho! A figura apontou a varinha em direcção ao chão e uma luz esverdeada rompeu as brumas. Do solo surgiu um pequeno objecto que estivera enterrado, era arredondado, parecia insignificante, uma pequena pedra talvez; O homem encapuçado agarrou o objecto e olhou Harry que subitamente foi atingido por uma violenta dor na cicatriz que o levou a ajoelhar-se… Voldemort olhou-o e lançou feitiços sobre o seu corpo, sucessivamente, com uma expressão demoníaca, louca de raiva, de ódio. O corpo de Harry foi atingido, as roupas desfizeram-se e também os seus gritos de dor encontraram o mesmo destino. O sangue cobria-lhe todo o corpo e deixava já uma poça lodosa no solo molhado. Uma luz vermelha passou por cima dos ombros de Harry, qual relâmpago, que galgou o tempo e o espaço destinado a atingir Voldemort; O feitiço tinha sido lançado pela varinha de Dumbledore! Com um leve movimento de pulso uma luz verde surgiu contra atacando o feitiço; as duas ondas de energia encontraram-se e mediram forças enquanto os dois feiticeiros se digladiavam. Nenhum dos dois parecia ser superior. Mas Dumbledore não estava sozinho e num momento de compaixão e união todos se juntaram conjurando os feitiços que primeiro lhes ocorrera, alguns complexos e poderosos, outros simples e fracos, mas todos eles se juntaram criando um poder enorme que fez tremer a floresta. Num rápido movimento Voldemort ergueu a varinha e James foi elevado do solo, servindo de escudo para tão poderoso feitiço. O tempo pareceu parar enquanto a onda de energia se deslocava em direcção a James. Com um grito agigantado pelo momento Ginny correu para Harry, e, de mãos dadas, os dois colocaram-se à frente do feitiço…com um som colossal e extrema violência o feitiço embateu nos seus corpos, deixando-os prostrados no chão, quase mortos…
- Há, Há; que irónico, a protecção do amor funciona de novo, contudo agora em meu proveito… - E, carregando James, Voldemort voou para lá da Floresta…



Espero que tenham gostado desta primeira parte de um capítulo muito empolgante, é agora que realmente começa a história principal da fan fic, sendo que os capítulos anteriores consistiram basicamente numa introdução! Podem esperar agora muitos desafios e muitas aventuras com cenas intensas... Um obrigado a todos os que tÊm esperado e por vezes desesperado por novos capítulos, espero que continuem a visitar a fic!

Roberto Mendes

Final 3º capitulo...

A excitação atingia agora o pique máximo pois Hogwarts aproximava-se rapidamente. Foi com uma sublime alegria que os alunos trocaram de roupa, vestindo os uniformes da escola. Era sempre um momento especial, pensou Harry, vestir o uniforme era abraçar Hogwarts, “vestir” a magia!
Saíram do comboio, caminharam por um caminho estreito que levava ao lago negro. Uma pequena frota de barcos levou-os até uma gruta que desembocava numas escadas. Subiram as escadas e chegaram a uma porta que se abriu deixando antever um enorme hall de pedra magnificamente polida. Por instantes Harry conseguiu vislumbrar a porta que permitiria entrar no grande salão nobre, iluminada por uma chama inconstante que se consumia com esplendor, oferecendo um jogo de luzes deslumbrante, mas o seu ângulo de visão foi rapidamente bloqueado pela pequena confusão que a entrada no castelo sempre causava, milhares de alunos voltavam a sentir a magia de Hogwarts, o mundo mágico abraçava um dia pleno de glória…mal sabiam eles que o vento não sopra sempre com a mesma intensidade, e que se uma pequena briza trazia esperança, estava ainda um furacão preparado para varrer todos os sorrisos, trazendo no sopro do medo uma noticia que mudaria o mundo. Um murmúrio encantado provinha daquele hall em que todos esperavam, já mais ou menos aconchegados pelo terno ambiente do castelo. De novo se viam os prefeitos gritar instruções para manter a ordem, de novo se viam caras de sorriso mágico, pois poucos sabiam a verdade, apenas eles… Tentando manter um sorriso desenhado no rosto, Harry e os outros sentiam-se deslocados no meio de tantos alunos…tinham no entanto decidido acompanhálos por recearemo pior, era tempo de se protegerem, de proteger a vida dos seus filhos, que amavam acima de tudo. Lentamente a excitação foi abrandando até se chegar a um nível de silêncio quase absoluto. Uma pequena porta foi aberta e dela surgiu a professora Macdonagall, com a sua pose dura, contudo deslumbrante, num misto de ternura e rigidez. Harry sentiu-se transportado no tempo, mergulhando profundamente nas teias da memória: o primeiro dia… Harry ali, esperando pela magica entrada no salão, no que prometia ser um mundo de fantasia…o medo da selecção, sentir Hogwarts pela primeira vez… tinha sido a Professora Macdonagall a recebê-lo; Harry sentiu uma súbita vontade de voltar, de ter onze anos outra vez e poder descobrir a magia pela primeira vez, de passar tardes na relva junto ao lago na companhia de Ron e Hermione, de passar noites na sala comum embevecido pelo calor da chama da amizade. Saudades de aventuras que o esperam a cada momento… A porta do grande salão abriu, despertando Harry do seu transe . O grande salão aparecia deslumbrante, com as suas quatro mesas dispostas em filas, uma para cada casa, onde o ouro dos pratos reluzia em conjunto com a prata dos talheres, milhares de candeias que tombavam no ar faziam dançar a luz voando sobre um céu magnifico, aveludado, que imitava a noite de forma soberba, com estrelas brilhantes que guiavam os espíritos, trazendo esperança! Uma lua branca imperava naquele céu mágico guardando as almas da magia. Nas paredes as bandeiras das casas impregnavam a sala com o perfume das cores: vermelho, dourad, escarlate, verde…sublime! O chão brilhava, sorrindo para a noite. Várias lareiras abrigavam lumes felizes , que falavam com os sonhos ao aquecer o ambiente. Por trás da magnifica mesa de mogno polido e brilhante de tons castanhos serenos, onde se sentavam os professores, estavam colocadas sete magnificas árvores de natal, iluminadas com as cores da ternura e do amor, da paz e da amizade, da compaixão e da esperança. As recordações abatiam-se sobre Harry à medida que ia entrando no salão, deixando-o abismado com a força da magia de Hogwarts, que resplandecia em puro esplendor. Mais algumas mesas tinham sido acrescentadas onde já se encontravam sentados todos os feiticeiros da comunidade mágica. O ambiente era de amizade e festa…mal sabiam eles… Os professores estavam sentados; Harry acenou a Neville e a Hagrid, apresentavam expressões que contrastavam com a da maioria. De pé, por trás do púlpito com uma fénix brilhantemente talhada na madeira, encontrava-se Kingsley, o ministro da magia esperava pacientemente que todos se sentassem. Harry, Ron, Hermione e Ginny encontraram lugares numa mesa junto do púlpito. Um coro entoava canções felizes…quando todos se sentaram a canção cessou e o silêncio imperou; foi Kingsley que rompeu o silêncio:
- Bem vindos, caros feiticeiros e feiticeiras, caros alunos de Hogwarts! Hoje é um dia de respostas…começo por vos pedir desculpas pela forma como as respostas vos foram sonegadas até agora, contudo existem fortes razões que motivaram a formacomo o ministério actuou, como poderão comprovar; Pensei muito sobre como deveria começar. Decidi ser mais sensato começar pelo inicio: a queda do mago negro aqui mesmo neste salão pelas mãos de um jovem feiticeiro que todos conecemos e admiramos – uma salva de palmas sentidas fez-se ouvir e até as estrelas brilharam com mais intensidade, Harry corou ao ver o entusiasmo com que os seus filhos batiam palmas; - Foram dias terríveis, oh sim; dias que apenas a amizade e os laços fortes de amor e compaixão conseguiram atenuar. Mas dias que ultrupassamos, ainda que sem a presença de um dos maiores feiticeiros de todos os tempos: Albus Dumbledore- nova salva de palmas… - Mas o que vocês não sabem é a razão pela qual a magia cessou…porque nos abandonou a nossa maior aliada, a rainha do nosso mundo? Bem, a resposta não é simples…e não serei eu a contar-vos; - Um canto mágico soou no salão, falava de amizade e esperança em dias negros de medo e trevas onde a chama do amor aquecia o coração dos justos. Era uma melodia que todos conheciam mas que há muito não se ouvia. As lágrimas desceram nalguns rostos. Uma Fénix de plumagem vermelha, magnifica, surgiu sobrevoando de forma magistral todos os presentes que, confusos, reconheciam a criatura mágica. A fénix foi pousar no púlpito que Dumbledore costumava usar, Kingsley afastou-se. Uma luz brilhante invadiu a sala, ofuscando todas as estrelas do falso céu, incandeando a lua, levando todos os presentes a fechar os olhos. O barulho de passos fez-se ouvir. O canto atingia notas sublimes…a luz sem calor foi desvanecendo…lentamente todos abriram os olhos e sons de espanto acompanharam gritos assustados: Albus Dumbledore aparecia deslumbrante, com a fénix pousada no ombro, envergando vestes azuis brilhantes e de cara serena, com a sua longa barba cor de pérola descendo pelo corpo. Os óculos de meia lua a cair no nariz, e as mãos levantadas num gesto de amor e saudade. Albus Dumbledore estava vivo e ali, no salão de Hogwarts, no seu salão!

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