Segundo Capítulo (parte final)

Quando todos desceram e saíram pelos portões do castelo as árvores projectavam sombras compridas e estreitas na relva, o sol escondia-se, vermelho, seguindo a viagem que o levaria a adormecer para lá da floresta proibida. Mas a escuridão que se anunciava não conseguia apagar a luz que dominava os rostos de todos os que ali se encontravam, pois a magia havia voltado! E ninguém parecia reparar que quatro rostos não estavam tão iluminados: Ginny, Ron, Hermione e Harry deambulavam por entre todos aqueles rostos felizes, por entre varinhas empunhadas das quais saíam todos os tipos de cores orgulhosas. Sentaram-se num chão de folhas mortas que haviam caído de uma velha árvore. Esperaram em silêncio, sabiam o que tinham de fazer, falar com Kingsley Shacklebolt, o Ministro da Magia. Esperaram algum tempo, um crepúsculo denso aproximou-se, um vento frio de ocidente suspirava nos ramos das árvores que pareciam murmurar algo. Finalmente os feiticeiros começaram a afastar-se, deixando o Castelo, sorrindo…se ao menos soubessem o que se avizinhava, o que o destino lhes tinha preparado para o futuro; Muitos foram-se despedindo deles, Hagrid abraçou-os um a um, enquanto as lágrimas lhe escorriam do rosto:
- Seria um dia que Dumbledore ‘doraria hem? Mas onde ‘stará o seu corpo? -Exclamou o fiel meio gigante.
- Hagrid – respondeu Harry, na sua cara estava bem expressa a gravidade da situação - Por favor espera um pouco, precisamos falar; a situação é grave.
- Mas qu’ se passa? É s’bre o corpo não é?
- Sim Hagrid, mas é melhor falarmos lá dentro.
Hermione foi a primeira a levantar-se, os miúdos brincavam no interior de Hogwarts; Não demorou muito para que de novo entrassem no saudoso castelo que agora parecia vivo, repleto de magia; Harry pediu para que Kingsley e Macdonagall os acompanhassem. Hermione chamou Neville que prontamente acedeu ao pedido da sua amiga.
Harry liderava o grupo, enquanto passavam por alguns corredores onde de novo se viam movimentos nos quadros, que ganhavam vida. A seu lado seguiam Ginny, Ron, Hagrid e Hermione; um pouco mais atrás seguia Macdonagall, a sua expressão demonstrava a curiosidade esbatida no peso da idade. Kingsley e Neville caminhavam lado a lado em silêncio; Demorou apenas alguns segundos para que todos se apercebessem para onda Harry os dirigia…pararam junto à gárgula que em tempos havia guardado o gabinete de Dumbledore. Ingenuamente Harry tentou ultrapassar a fenda na parede de tijolos brancos que se escondia atrás da gárgula. A fenda fechou-se completamente cortando a entrada a Harry que pareceu surpreendido; Foi Hermione que explicou a situação:
- Como a magia voltou já não podemos entrar sem o consentimento dos guardiães das salas.
- Queres dizer que existe uma senha? – Perguntou de imediato Neville.
- Sim – respondeu Hermione
Harry deu alguns passos atrás, da sua face transparecia que algo o atormentava.
- Então existe uma senha…mas quem poderá ter colocado essa senha, se nós somos os primeiros a vir aqui, depois de a magia voltar?
Ninguém conseguiu dar resposta à pergunta de Harry. Este empunhou a sua varinha e pediu a todos que fizessem o mesmo. A tensão estava no ar. E se Voldemort já tivesse tido tempo para ali ter chegado? Harry, de varinha empunhada, começou a debitar palavras sem sentido, esperando que alguma delas fosse a senha, mas após alguns minutos ainda nada tinha acontecido, a gárgula não se havia movido.
- Teremos de entrar à força, preparem-se, pois podemos encontrar do outro lado uma grande surpresa, preparem-se para lutar;
Harry apontou a sua varinha em direcção da gárgula, os outros fizeram o mesmo, e até Hagrid empunhava o que parecia ser um velho pedaço do que um dia fora uma varinha; Prepararam-se para lançar os seus feitiços, esperando que dentro de segundos pudessem entrar no gabinete e finalmente desvendar o mistério que se fazia sentir. Gotas de suor humedeciam a testa de Harry, o coração batia descompassadamente no seu peito. O momento da libertação dos feitiços havia chegado…mas de súbito um grito cortou o ambiente:
- NÃO….
Harry havia baixado a sua varinha, todos se perguntavam o que o havia levado a gritar…uma voz ecoou na sua cabeça, tão forte, tão nítida “ pensei que adivinharias a senha Harry…” a voz de Dumbledore ribombava no seu espírito “já uma vez o fizeste…lembra-te Harry, recorda”…
Harry virou-se para todos eles, ninguém percebia o que se passava, a sua mente recordava uma vez em que tinha estado precisamente ali e em que tinha tentado e conseguido adivinhar a senha de Dumbledore, sorriu…os seus lábios pronunciaram:
- Cacho de baratas!
A gárgula ganhou vida, desviou-se para o lado, deixando finalmente a descoberto a fenda na parede. Passaram por ela um a um. Encontravam-se agora na base de uma escadaria de pedra branca polida, magnifica. A escadaria apresentava-se em espiral, movia-se ligeiramente para cima enquanto as portas se fechavam atrás deles, cobrindo de novo a fenda. Chegaram a uma porta sublime feita do mais puro carvalho. Havia uma maçaneta de metal. Harry rodou a maçaneta, entraram…embora houvessem esperado encontrar uma sala com um ambiente pesado de abandono, aquilo que encontraram fez com que todos emitissem expressões de espanto. A sala circular respirava magia, parecia imersa numa luz fantástica, objectos maravilhosos estavam dispostos nos seus antigos lugares. Uma lareira dava abrigo a um fogo quente, de chamas profundas. Nas paredes os retratos dos antigos directores de Hogwarts apresentavam algumas caras sorridentes; a espada dos Griffyndor, com o punho cravejado de enormes rubis, encontrava-se em cima de uma pequena mesa, a seu lado estava o esfarrapado e remendado chapéu pensador. Ouviu-se um canto mágico, todos os olhares se viraram para um poleiro dourado que se encontrava à esquerda da mesa; lágrimas escorriam nas faces de Hagrid e Macdonagall, Kingsley e Neville estavam boquiabertos. Os outros observavam em silêncio…Uma Fénix magnífica, de plumagem escarlate e dourada, encontrava-se em cima do poleiro: Fawkes tinha voltado!
A professora Macdonagall chorava, prostrada em frente de Fawkes, balbuciando palavras como “que desgraça, ele voltou e assim também os fieis a Dumbledrore voltaram”. Mas parecia ser a única que havia percebido o que realmente se passava. O espanto havia-se apoderado dos restantes, e apenas um quarteto sabia verdadeiramente tudo o que se passava. Foi Harry quem tomou a iniciativa. Sentia o espírito do seu mestre a cada momento que passava, ele estava presente, não fisicamente mas estava ali com eles, abraçando-os com o seu amor, trazendo-lhes esperança.
- Aquilo que tenho para vos dizer é grave, mas é a verdade…
Quando Harry terminou ninguém falou. Kingsley apresentava um ar assustado, Hagrid estava incrédulo, Macdonagall já não chorava, sentia o espírito do seu querido amigo, sentia a gravidade da situação, teria de ser feito algo. Hagrid olhava o retrato de Dumbledore, que lhes sorria;
- Temos então de encontrar o corpo de Dumbledore não é Potter? Só assim ele poderá voltar… - proferiu Macdonagall.
- Sim, foi o que Dumbledore me disse.
- Mas como poderemos nós saber onde está o corpo? Não temos nenhuma pista, nada…
O desânimo apoderou-se de todos eles. Entranharam-se nos seus pensamentos, cada um tentando descobrir uma forma de procurar o corpo desaparecido. E foi quando a esperança começou a definhar que uma voz se fez ouvir no ar:
- A esperança nunca pode morrer nos vossos corações meus fiéis amigos; Tenham esperança, acreditem e conseguirão!
Todos os rostos se iluminaram, Dumbledore falava com eles, a esperança reavivou-se. Fawkes voou do seu poleiro e pousou graciosamente no ombro de Harry Potter. Era como se lhe sorrisse, como se lhe garantisse que tudo correria bem. Sentiu-se inchar com esperança e coragem, tudo correria bem. E assim Fawkes voltou a voar, atravessando a sala circular e saindo pela sua porta. Harry voltou-se para eles.
- Vamos, sigamos Fawkes. Tenhamos esperança.
E todos seguiram o voou da Fénix pelo castelo. Atravessaram escadas e corredores, incessantemente sem nunca parar. Atravessaram portas, por vezes algumas paredes se foram abrindo para que a Fénix passasse. No ar sentiam-se os tons de uma melodia fenomenal. Cheirava a esperança por todo o castelo. Quando perceberam o quanto haviam já caminhado aperceberam-se também que não conheciam aquela parte do Castelo, nunca haviam ali estado. Entraram num corredor comprido. As paredes eram feitas de prata reluzente. Uma luz brilhava no fundo, ofuscante. Era como se os chamasse. E a Fénix voou para lá da luz. Não era natural, era como se fosse feita de substâncias líquidas e ao mesmo tempo gasosas, de um prateado brilhante, era como se fossem nuvens que brilhavam. Era uma porta! Envolvia o líquido uma espécie de madeira negra, delimitando-o. Por cima via-se uma inscrição, gravada profundamente na madeira. “Apenas os puros e os justos poderão entrar…para que a fonte da magia jamais possa secar… o escolhido a todos irá guiar, quando a decisão final chegar”
Harry estendeu a mão, deixando-a passar a luz, tentando agarrá-la. Mas ela esfumou-se por entre os seus dedos. Harry sorriu. Deu um passo em frente e desapareceu na luz. Os outros seguiram os seus passos até deixarem o corredor secreto de novo deserto. A luz esfumou-se, e agora apenas uma porta de madeira imperava no escuro corredor.
Uma luz mágica invadia o ambiente, o branco dominava. Parecia não haver céu, parecia não existir chão. Tudo se alongava num interminável branco celestial. A entrada de Harry e de todos os outros cortou o ambiente, impedindo o branco de reinar. De súbito brumas de várias cores inundaram a sala. Não demorou muito para que todos se vissem rodeados por estas bizarras brumas amarelas, verdes, azuis e vermelhas, de cheiros fortes e diversos. As brumas foram crescendo até inundarem tudo o que se via, preenchendo todos os espaços. Sentiram-se perdidos, mas o medo não se apoderou deles, permaneceram quietos durante alguns momentos em que experimentaram uma forte dificuldade em respirar, tal como um ardor enorme nos olhos que se foram fechando até à escuridão total. Quando todos conseguiram abrir os olhos as brumas tinham desaparecido. A sala não era a mesma que haviam encontrado! Estavam agora entre quatro paredes de pedra polida, de tons amarelados; A sala era quadrada e nada mais a ornamentava a não ser uma mesa de pedra branca ao centro onde se via um corpo de longas barbas brancas que ostentava vestes de cor púrpura. Uns óculos escondiam os seus brilhantes olhos azuis. Os seus braços estavam cruzados segurando um ceptro impregnado de runas indecifráveis que parecia muito antigo.
- Dumbledore! – Gritou Hagrid que se prostrou de joelhos enquanto soluçava, sendo imitado por Macdonagall, Ginny e Neville; Harry, Ron, Kingsley e Hermione permaneceram nos seus lugares, não choravam pois os sorrisos tinham-se alastrado pelos seus espíritos.
O corpo de Albus Dumbledore descansava sobre a magnífica mesa de pedra; a sua expressão parecia ser de serenidade.
Durante alguns minutos nada aconteceu, estavam todos em silêncio em volta do corpo do mestre. Como havia o corpo chegado ali? Era a pergunta que a todos assolava.
Uma melodia principiou no ar, Fawkes empreendeu um pequeno voou sobre o corpo de Dumbledore, lágrimas mágicas iam caindo dos seus olhos, desciam pelo ar até caírem sobre o corpo. Uns olhos abriram. Pequenos movimentos tímidos podiam ser percebidos: primeiro os dedos…depois as mãos…finalmente um sorriso que rasgou a face do maior feiticeiro de todos os tempos: Albus Dumbledore estava vivo!!!
O mestre levantou-se, os seus olhos estavam marejados de lágrimas, olhou Harry e abraçou-o longamente. Depois fez o mesmo com todos os outros, demorando-se um pouco mais com Hagrid e Macdonagall; Parecia impossível mas era verdade. Com a ajuda de Fawkes haviam encontrado o seu corpo, permitindo assim que o espírito de Dumbledore o voltasse a preencher. O momento era de pura alegria. Mas a pouco e pouco o ambiente foi-se desvanecendo, pois todos sabiam que não fora apenas Dumbledore quem regressara. Por esta altura também Voldemort podia já ter encontrado um corpo que não o rejeitasse como o corpo de Albus Dumbledore o havia feito. E o terror voltaria de novo. Por isso a expressão de Dumbledore se apresentava tão séria quando se dirigiu a todos eles, a sua voz acusava um tom de nervosismo misturado com receio:
- O que tenho para vos contar é longo e o tempo urge. A situação é grave; Aquilo por que passei nestes anos da minha ausência permitiram-me recolher informação importante, bem como descobrir a fundo a história que passou a mito, que por sua vez passou a lenda e que por fim deu origem ao mais puro esquecimento do mundo mágico. Como podemos nós permitir-nos a tal erro? Não consigo responder a esta questão, por mais que pense nela – todos bebiam as palavras de Dumbledore em silêncio. – Quero contar-vos tudo meus amigos, e como todas as histórias têm um princípio é por lá que iremos começar. – Dumbledore levantou nos braços o ceptro, bem acima da cabeça., e proferiu algumas palavras. O ar ficou mais pesado, era difícil respirar, do ceptro surgiu uma luz tão brilhante que obrigou todos a fecharem os olhos. Uma sensação de aperto surgiu, era quase insuportável, parecia-lhes que se deslocavam a grande velocidade, como se caíssem de um grande precipício. Não ousaram abrir os olhos, já não aguentavam mais quando de súbito tudo passou.
- Já podemos abrir os olhos! – Exclamou Dumbledore.
Todos o fizeram e perceberam que se encontravam no que parecia ser uma reunião. O edifício em que estavam parecia não ter tecto, de tão alto que era. Janelas vidradas filtravam a luz que escasseava. O ambiente era soturno, dispostos em centenas de filas encontravam-se várias centenas de muggles que ouviam em silêncio um muggle vestido com uma longa veste branca ornamentada com uma cruz vermelha no peito. Do seu pequeno pescoço pendia um colar que revelava uma nova cruz, esta de ouro.
- É uma missa! – Exclamou Hermione que logo receou ter sido ouvida; olhou para as pessoas e esperou suspensa em silêncio, mas a cerimónia decorreu sem parecer que a tivessem ouvido. Hermione suspirou de alívio. Estavam numa memória. Dumbledore sorriu, tinha recolhido algumas memórias no mundo espiritual em que ficara preso após a fatídica noite na torre de Hogwarts.
- Estamos no ano 1154 numa Igreja Inglesa – começou por explicar Dumbledore- O clérigo que procede à cerimónia apresenta-se pelo nome de John de Salisbury . Foi aqui que tudo começou! Ouçam bem meus amigos pois aquilo que vão ouvir mudou para sempre o nosso destino enquanto feiticeiros, mudou para sempre o nosso mundo!
O clérigo levantou-se do seu trono de bela madeira forrada a talha de ouro e todas as pessoas se levantaram para ouvir as suas palavras. Harry olhava fixamente para aquela pequena figura gorda, de faces rosadas cobertas de suor, a voz deste ser atarracado ribombou pela Igreja : “Quem poderá ser tão cego ao ponto de não ver em tudo isto uma pura manifestação de maldade criada por demónios que pretendem estabelecer a confusão? Estes Homens e mulheres estão ligados ao Diabo, são seus servos, vivem para servir o demónio, para voar nas horas mortas da noite e devorar bebés, para comungar com o diabo em lugares selvagens e inóspitos…” ; O discurso continuava ainda quando Dumbledore os olhou, fazendo sinal que a visita a esta memória havia terminado. As imagens da Igreja começaram a esfumar-se e novamente a mesma sensação de aperto e a luz brilhante os assaltou, levando-os de novo à beira do desespero. Quando terminou demorou alguns minutos para que todos pudessem recuperar as forças. Harry foi o primeiro a abrir os olhos. Encontravam-se agora num edifício bem mais pequeno, a madeira imperava, em tons ora mais claros ora mais escuros. Algumas filas de cadeiras estavam dispostas viradas para uma grande secretária onde um Muggle vestido com uma toga negra se encontrava, segurando um martelo de madeira escura e polida. Em frente da grande secretária estava uma mulher completamente amarrada por correntes a uma feia cadeira de ferro. Estavam num tribunal Muggle! Dumbledore falou de novo:
- Assistimos agora às primeiras consequências das palavras que ouvimos o Clérigo proferir. Estamos num Tribunal Irlandês no ano de 1314 e assistimos ao julgamento de Lady Alice Kyteler, uma feiticeira. Julgamentos semelhantes ocorriam neste tempo por todo o lado: Espanha, Portugal, Reino Unido, Alemanha, Suiça…e a lista continua sem parar.
O Juiz bateu três vezes com o martelo na secretária. O silêncio reinava na sala. “Lady Alice Kyteler, o tribunal considera-a culpada dos crimes graves de bruxaria e associação ao Diabo. O tribunal condena-a à morte na fogueira pública…”; A imagem começou a desaparecer e todos se prepararam para uma nova ronda de esforço enquanto evoluíam para mais uma memória. Estavam agora numa sala majestosa, coberta a ouro e prata reluzente. Um Homem alto de pele muito branca com uma coroa de diamantes e vestes preciosas de cor branca com uma cruz de esmeraldas no peito estava sentado numa linda mesa de mogno brilhante. Escrevia com uma preciosa pena de ganso numa folha de papiro grosso.
- Aproximem-se. – Pediu Dumbledore enquanto se inclinava para ler o que o Homem escrevia. Todos fizeram o que ele pediu; de onde se encontravam podia ler-se as palavras que a pena de ganso havia desenhado. O título era “Summis Desiderantes Affectibus”. Leram algumas palavras até que perceberam o motivo daquele escrito. Era sobre a comunidade dos feiticeiros: “ chegou recentemente ao nosso conhecimento, não sem que experimentássemos profunda dor, que muitas pessoas de ambos os sexos, indiferentes ao caminho da salvação, se desviaram da fé católica, abusaram de si mesmas com diabos e através de encantamentos, feitiçarias, conjuros e outras mágicas horrívei, destroem o fruto do caminho do senhor, assim Henrich Institutor e Jakob Sprenger serão delegados como inquisidores destas depravações heréticas”; A assinatura era do Papa Inocêncio VIII e decorria o ano de 1484. Subitamente Hermione levou a mão à sua testa e proferiu:
- A lendária caça às Bruxas…o motivo pelo qual o mundo dos feiticeiros é mantido em segredo dos Muggles! Agora percebo…- Mas não conseguiu terminar a frase pois de novo foram levados para uma nova memória. Olhavam agora um enorme livro de capa de couro negro com o título impregnado na capa.
- O Malleus Maleficarum!!! – Exclamou Hermione, horrorizada.
- Muito bem Hermione, a tua inteligência é ímpar. Mas pelo que vejo apenas para Hermione e para a minha amiga de longa data, Macdonagall, este livro significa algo… Hermione – chamou Dumbledore.
- Sim Professor.
- Importas-te de explicar o que significa este livro?
- Claro que não Professor. – Hermione respirou fundo, fazendo uma pausa antes de começar a sua explicação – O Malleus Maleficarum foi escrito pelos dois homens nomeados inquisidores pelo papa Inocêncio VIII. É um terrível livro que causou mais sofrimento que qualquer outro livro jamais escrito. O seu objectivo era a aniquilação dos feiticeiros e feiticeiras que partilhavam o mundo dos Muggles. A primeira parte descreve as condições necessárias para a prática da bruxaria e refuta sistematicamente os argumentos contra a sua realidade. A segunda parte trata dos métodos pelos quais as obras de bruxaria são executadas e dirigidas e como podem ser anuladas. A terceira e última parte é referente aos processos judiciais contra os feiticeiros, as formas de identificação, acusação, julgamento, tortura, condenação e sentença desses infelizes. É claro que os Muggles estavam errados e agiram sob pressupostos errados, mas originou a morte de mais de 200 mil feiticeiros e a tortura de outros tantos milhares.
- Tu…Tu leste esse livro Hermione? – Perguntou Ron, que estava aterrorizado.
- Sim, mas não foi fácil…- Também Hermione parecia abatida. Dumbledore interveio:
- Obrigado Hermione, as tuas palavras foram…bem…hum…elucidativas. Mas temos ainda mais uma memória para observar, e a mais importante de todas elas.
Abriram os olhos, numa sala escura sem janelas, iluminada apenas por algumas velas surgia uma enorme mesa redonda de pedra. No seu tampo apareciam algumas runas semelhantes às encontradas no ceptro que Dumbledore carregava. Uma reunião tomava lugar naquela mesa. Algumas dezenas de feiticeiros de cara assustada e espíritos delapidados discutam a melhor forma de resolver a situação que tinha avançado sobre o mundo dos feiticeiros. “Não podemos continuar mais assim…temos de tomar o poder, fazer-lhes a eles o que eles nos fizeram a nós, vingar-mos os nossos semelhantes, os nossos amigos”… Salazar Slytherin tentava convencer os seus interlocutores a agir, a tomar uma acção drástica. Harry reconheceu Slytherin instantaneamente, apesar de não saber bem porquê. Sentiu o seu estômago revoltar-se, uma vontade enorme de o atacar…alguns dos feiticeiros pareciam apoiar Slytherin, mas uma voz ecoou em protesto “Não! Não seremos nós melhores que eles? Não apregoamos nós a injustiça do que nos acontece? Então porque haveríamos de proceder às mesmas acções hediondas? A nossa única hipótese é esconder o nosso mundo, podemos viver isolados do mundo dos Muggles, talvez um dia quando eles conseguirem compreender nós possamos juntar de novo os mundos, esse dia chegará se nos nossos corações ainda viver essa esperança”…a voz de Godric Gryffindor ressoou no espírito de Harry que de súbito se acalmou. “Proponho que se faça a votação” continuou Gryffindor. Apenas alguns feiticeiros ficaram do lado de Slytherin, todos os outros votaram a favor das palavras de Godric Gryffindor. E assim ficou decidido, na data de 1670 que os feiticeiros esconderiam o seu mundo, que construiriam escolas de magia e feitiçaria para que se pudesse ensinar as mentes mais jovens. Mas as decisões não ficaram por aqui! Já todos se encontravam prontos para que a memória terminasse, contudo Albus Dumbledore sorriu-lhes, mostrando assim que ainda havia mais. De repente ouviu-se um grande estrondo, a pesada e enorme porta da sala tinha caído, estatelando-se com toda a força no chão. No lado de fora encontrava-se uma jovem feiticeira, os seus olhos estavam completamente brancos, Harry e todos eles viram os pés da feiticeira levitarem do chão, ficando suspensa no ar. A sua voz ribombou por toda a sala: “ A magia será tomada pelo mal quando este desesperar, será sua sem ele esperar…o mal perecerá mas a magia com ele desaparecerá…e o escolhido tal testemunhará, dois da morte irão regressar…a escola reabrirá e ele recolherá os quatro artefactos…com as chaves da fonte pura entrará na fonte e a todos irá guiar, quando a decisão final chegar” … O corpo da feiticeira caiu inerte no chão da sala. O sopro da vida havia-a abandonado. A visão dissolveu-se no ar e de novo se encontraram na sala onde Dumbledore havia ganho nova vida. Fawkes ainda cantava a sua doce melodia. Dumbledore dirigiu-se a todos eles:
- Bem, agora estão todos em condição de perceber o que realmente se passa. Desconfio que a profecia da jovem feiticeira se tornou realidade e o mal realmente tomou a magia, Tom Ridlle criou um laço inextrincável com a magia, como o fez ainda não o sei, mas a partir do momento da sua morte a magia começou a desaparecer. Dois regressaram da morte, eu e Tom. Penso que quando a profecia refere o escolhido se refere a Harry, que testemunhou tudo. E tudo se deve aos acontecimentos horríveis que testemunhámos, pois apenas devido aos actos hediondos que foram cometidos, contra nós feiticeiros, foi tomada a decisão de esconder o mundo da magia e de para isso serem criados quatro artefactos que apenas pensei serem lendas…quatro artefactos que levarão à fonte da magia, quatro artefactos que trarão o poder absoluto a quem os possuir, que poderão levar a que a magia pertença apenas ao possuidor dos artefactos. Tom Ridlle quer esses artefactos e vai procurá-los. Perceberam do que nos fala a profecia?
- Dos últimos dias da magia, de uma escolha que poderá mudar o nosso mundo para sempre! – Respondeu Hermione de pronto, a sua voz denotava a gravidade da situação.
- Sim Hermione; Certa como sempre. Temos de seguir a profecia, temos de encontrar os artefactos antes que cheguem às mãos erradas, antes que a vingança de Salazar Slytherin se faça mostrar pela força do seu seguidor. Os dois mundos estão em jogo, não podemos falhar!
- Mas como poderemos recolher os artefactos se não sabemos o que são? – Perguntou Harry. Dumbledore esticou os braços e mostrou o ceptro:
- Este é um dos artefactos. Uma das chaves que trancou a fonte da magia para separar os dois mundos. Sei que quatro escolas de feitiçaria e Bruxaria foram criadas e que ao mesmo tempo que foram criados os artefactos. Este ceptro estava aqui nesta sala desconhecida de Hogwarts, uma sala que apenas o escolhido poderia abrir, uma sala com uma guardiã inesperada: Fawkes! E foi esta espantosa criatura que trouxe o meu corpo para esta sala e que a todos guiou. Mas agora precisamos de um novo guia. – Dumbledore olhava para Harry - Penso que os restantes artefactos estarão escondidos em salas secretas nas demais escolas. Conto com todos vós para que sejamos sucedidos nesta nova missão que se nos depara.
- Hogwarts abrirá de novo, e o seu velho mestre voltará a dirigi-la. Não existe ninguém melhor para o fazer.
- Obrigado Kingsley, é muito amável da tua parte.
- E mais, todos os feiticeiros serão chamados de novo para ocupar as suas casas, os seus negócios, Gringotts voltará a funcionar, tudo será como dantes!
- Sim, mas o medo voltará. A felicidade não nos chega sem a tristeza nos assolar; Mas as tuas palavras estão certas Kingsley, por agora é o melhor a fazer, depois uma demanda em busca das chaves da fonte da magia começará! - Concluiu Dumbledore.


Roberto Mendes

16 Comments:

  1. Anônimo said...
    De: lunatik ( Site ) o 08/07/11 23:10
    Viva
    parabéns por mais um capitulo da tua história, agora não podes parar, sempre em frente amigo.
    Apenas um conselho, se puderes regista a obra, sabes que isto da net é bom para divulgar, mas também é muito fácil copiar.
    Cumps.
    Anônimo said...
    e: Luzia ( Site ) o 08/07/11 23:19
    Mais um post fantástico. Esta história está cada vez mais emocionante. Mal posso esperar pela continuação.
    Anônimo said...
    Luzia ( Site ) o 08/07/15 16:31
    Queria apenas pedir imensa desculpa pelo smile usado no comentário anterior desde post. Devo ter-me enganado ao clicar.
    Anônimo said...
    De: Launn o 08/07/16 03:17
    Nao perdi o interesse, aliás, tal seria impossivel com tão esplêndida historia.
    Tudo faz sentido e em cada paragrafo que leio, identifico mais a história com os livros do HP. Reparei que notas o mais infimo pormenor nos livros dela e que os transpoes para esta tua historiaa, o que so demonstra o belissimo trabalho que continuas a fazer.
    Muito bem escrito, sem duvida.
    Como sempre, interessante, espantoso e mágico.
    Continua, acho que todos nos ansiamos por mais! Launn
    Anônimo said...
    De: Rita ( Site ) o 08/07/17 13:35
    Bem, finalmente um capítulo 'diferente', creio que me percebes quando o classifico assim!!! Mas finalmente um 'toque' novo, inesperado e muito bem pensado nesta continuação!!!Não te limitas somente a continuar e a esclarecer os aspectos menos explorados pela autora original mas, FINALMENTE, a criar...

    Sem dúvida o melhor capítulo da tua fic, muito bem escrito num estilo que já te caracteriza, e que vejo, orgulhosamente, melhorar a cada capítulo

    Continua!!!!

    Beijo Grande,
    Com Amor
    Rita Rosado Comércio
    Anônimo said...
    De: igdrasil ( Site ) o 08/07/17 20:00
    Fico mesmo feliz por teres gostado deste capítulo, realmente estás certa (como sempre), só agora comecei a inovar pois precisei de mais tempo para integrar melhor o que quero fazer no Universo da história. Vou continuar a inovar e a tentar surpreender-te AMO-TE LINDA! Obrigado pelo comentário, fiquei mesmo feliz!!!!!
    Anônimo said...
    De: Rita ( Site ) o 08/07/18 13:28
    Surpreendes....SEMPRE!!!

    Continua com a qualidade que só tu sabes imprimir naquilo que imaginas e que tão harmoniosamente transformas em 'conjuntos concatenados' [não resisti ] de palavras e frases que nos, àqueles que gostam do que crias, fazem sorrir

    Ti Amo
    Rita Rosado Comércio
    Anônimo said...
    De: Raylin o 08/07/19 17:40
    Caramba... Este capitulo esta excelente... Muito bom mesmo... Tal como a Rita Comercio Rosado disse.... E o melhor capitulo, mesmo o melhor... Tanta imaginação junta... esta... nao tenho palavras!!!! Esta tudo muito bem interligado explicações muito bem definidas, o tempo e o espaço bem delineados.. Enfim... esta fic e mesmo a melhor que ja li e olha que nao sao poucas... Continua assim Igdrasil e iras melhorar para bem de todos, tanto de ti, como daqueles que leem os teus textos, as tuas fic's... Realmente e.. fantastico... esta mesmo muito emocionante...
    Raylin
    Anônimo said...
    De: xali o 08/08/06 12:02
    Como sempre tu voltas-te a supreender-nos. Isso é muito bom, pois a cada capitulo temos uma razão para não parar de ler. Eu acho que está nova maneira de escrever vai trazer á história mais realismo e mais dinâmica. No entanto alerto para uma coisa: esta história precisa mais de Suspense, ou seja, não transmitas logo ao leitor a verdade toda, deixa-nos "sofrer" um bocado. Eu pessoalmete gostei da parte dos documentos porque eu desacordo com o que a Igreija fez ao londo do tempo, pois Jesus quando andava a pregar o seu dilema era igualdade para todos o que provocou uma grande contorvesia, mas isso é outra História... Acho que se continuasse a falar, esgotaria todos os adjectivos poisitivos que a gramatica portuguesa tem.

    Parabéns continua, não desistas e pelos vistos tens muita boa gente a teu lado mais uma razão para esperar-mos mais de ti para a próxima!!!
    Anônimo said...
    De: Critico o 08/08/21 17:20
    Quando é que actualizam o blog, estava a ser muito divertido e interressante....
    Anônimo said...
    De: Samuel o 08/09/04 02:35
    INCRIVEL !!....
    Adorei a historia, muito interessante....esta de parabens......não tenho nenhuma critica a fazer, apenas implorar que continue esta historia o quanto antes.......

    abraços...e meus Parabens....
    Anônimo said...
    De: Cansado o 08/10/08 16:31
    estou farto de esperar, porque assim perdemos o fim á meada da história e assim não dá....
    Anônimo said...
    De: lunatik ( Site ) o 08/10/09 17:16
    Viva
    acima de tudo não é nada fácil o que fazes, escrever um livro por puro divertimento.
    Cumps.
    Anônimo said...
    De: alexandre o 08/10/09 23:50
    =D ja a muito que espero otro capitulo a tua fanfic é uma obra prima continua assim =).
    Anônimo said...
    Por favor escreve o próximo capítulo depressa. Deixaste-me ansioso. Escreves muito bem.
    Player93 said...
    nao percebo muito destas coisas mas tens de ter cuidado com os direitos de autor...
    sabes que a j.k.rowling e portadora desses direitos...
    mas tu deves saber mais disso do que eu ...
    afinal quem esta a estudar direito es tu n sou eu...

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