Continuação...

Perdidos no espaço, no tempo…conseguiam sentir os murmúrios constantes que se impunham ao silêncio. As dores abrandavam; Abriram os olhos ao mesmo tempo, sentiram-se confusos…por momentos não souberam onde estavam, mas depois… “James”… gritaram em conjunto, despertando de dias de agonia em que baloiçaram no limiar da morte. Fazia-se novamente silêncio, Mr e Mrs Weasley estavam lá,. Estavam também Hermione, Ron, Dumbledore e todos os outros. Albus e Rose dormiam no sofá. Uma ténue luz do fim de tarde entrava pela janela da ala de enfermaria. Mrs Weasley abraçou Ginny longamente, chorando. Todos estavam lá, todos menos James! De súbito Albus e Rose acordaram e correram para abraçar demoradamente os seus pais.
- Harry - disse Hermione – Todos lamentamos profundamente o que aconteceu, mas não fomos suficientemente fortes para o evitar. Queremos pedir-te desculpa…
- Não peçam, fizeram o que estava ao vosso alcance. Quanto tempo estivemos assim?
- Três dias.
- Três dias? Harry temos de nos apressar, temos de salvar o nosso filho já. Não há tempo a perder. – Disse Ginny tentando levantar-se, lutando contra as dores acutilantes que ainda lhe percorriam o corpo.
- Sim, temos de partir. – Concordou Harry.
- Não! – A voz de Dumbledore impôs-se de forma absoluta, paralisando os movimentos de Ginny e Harry. – Pensem bem, partir para onde e fazer o quê? – Dito isto, apesar de tentarem, nenhum deles conseguiu encontrar uma resposta, pois de facto não faziam a menor ideia do paradeiro de Voldemort. Então Dumbledore continuou:
- Muito bem. Não podemos perder tempo, nesse ponto têm razão; mas empregar o nosso tempo numa busca incessante e sem informação não nos levará ao nosso objectivo. Pensei muito sobre o que fazer a seguir e conclui que o mais sensato será continuar e seguir o nosso plano inicial; Devemos encontrar os artefactos que nos permitirão entrar na fonte da magia pois só assim teremos alguma hipótese de derrotar Tom Riddle.
- E James? Será suposto deixar-mos o nosso filho morrer? – Questionou furiosamente Ginny.
- Claro que não, mas pensem bem, também Tom planeia encontrar as chaves, assim, mais cedo ou mais tarde, os nossos caminhos cruzar-se-ão. E quando tal acontecer estaremos preparados para o derrotar e salvar James. Ele está mais poderoso agora, nada podemos contra ele sem os artefactos. Teremos de embarcar numa nova demanda ainda hoje! Por isso eu pergunto: quem está disposto a vir?
As respostas não surgiram imediatamente. Harry parecia lutar contra o seu coração, tentando ouvir as palavras da razão. O que Dumbledore acabara de dizer fazia muito mais sentido que partir numa perseguição a Voldemort. Mas o seu coração pedia-lhe que seguisse rumo ao incerto, tentando encontrar o monstro que lhe levara o filho. Ginny olhava assombrada para Harry e o seu olhar transformou-se em repulsa quando ele anuiu a Dumbledore. Seguiriam o plano inicial. Hermione e Ron prontificaram-se a seguir Harry. Ginny estava inconsolável. Com as lágrimas a beijarem-lhe a face disse:
- Eu não irei… - Harry e os outros olharam-na espantados – Ficarei com os nossos filhos. Não posso perdê-los também…
- Mas… - principiou Harry.
- Está decidido! – Gritou Ginny. Harry anuiu de novo. Quando Ginny decidia algo, não havia nada a fazer e ele sabia-o.


Um vulto voou no céu nocturno, despedaçando a luz lunar que abraçava a noite em tons amarelos escuros. Um manto negro cobria-lhe todo o corpo, não permitindo distinguir a sua cara. Levava nos braços o corpo de um miúdo. Voou sobre o mar que lhe foi salpicando o manto, impregnando-o de cheiro salgado. Chegaram a uma gruta quando os primeiros raios de luz atingiam o extenso mar. Entraram e o miúdo acordou. Gritos mudos despertavam-lhe no peito mas nunca se ouviriam pois, com um simples movimento, Lord Voldemort silenciara os lábios de James Potter. O prazer que isso lhe dera foi manifestado com uma gargalhada maléfica. Novo movimento de varinha e sangue irrompeu do braço de James, permitindo-lhes penetrar na gruta. Um lago negro adornava o subsolo. Um barco surgiu, deslizando com eles através dos inferi. E onde outrora descansara um dos Horcruxes, foi deixado James, encarcerado nas trevas do feiticeiro negro…


Uma espada de lâmina mágica, cintilante, com o cabo incrustado de rubis e com a inscrição “Godric Gryffindor” foi guardada, por fim, no saco mágico de Hermione. Tudo estava preparado para a partida. Com um suspiro profundo Hermione deu por concluída a tarefa. Sentia a nostalgia do momento, fora há tanto tempo atrás que enchera aquele saco, e, no entanto, as razões eram quase idênticas: Voldemort! Estavam na “toca”, a casa da família Weasley. Hermione e Ron saíram do quarto e desceram as escadas em direcção à cozinha. Sentados à mesa estavam Mr e Mrs Weasley, Dumbledore e Bill, acompanhado por Fleur Delacour, a sua esposa. Era Fleur quem falava, explicando a Dumbledore a forma de descobrir a escola de magia e feitiçaria de Beaxbatons, uma das escolas mais bem escondidas do mundo mágico. No hall de entrada Harry e Ginny olhavam o relógio mágico da família. Um relógio muito especial, que mostrava os elementos que compunham a família, bem como se encontravam. Os seus olhares repousavam num pequeno ponto do relógio, onde por baixo do nome de James aparecia o aviso “em viagem”. Os miúdos dormiam lá em cima. O ambiente era pesado. A noite ia longa quando Harry beijou os seus filhos e Ron e Hermione fizeram o mesmo com os Rose e Hugo. Reuniram-se em volta de Dumbledore, relaxando um pouco os espíritos antes da grande viagem. Cerrando os olhos, Harry, Ron e Hermione abraçaram uma nova aventura, agora ao lado do seu mestre: Dumbledore. Com um som estridente desapareceram, deixando na “toca” apenas o pó a dançar no ar, no lugar onde até aí tinham permanecido. Ginny voltou as costas e subiu as escadas de forma decidida, havia muito a fazer…

Apareceram num pequeno bosque, perto da orla de uma cidade. O som cortou o ambiente da madrugada fria. O silêncio reinava, sendo apenas quebrado ocasionalmente, quando pequenas gotas de humidade caíam através das folhas da vegetação rasa que os circundava.
- Sigam-me. – disse Dumbledore, enquanto escolhia um caminho que os fez afastar do bosque. Seguiram longamente sem encontrar ninguém até se aproximarem de uma cidade que acordava. Uma placa informativa dizia, em bom Francês, “Bem vindos a Cannes”. A cidade era linda, repleta de espaços verdes onde vários muggles aproveitavam as primeiras horas da manha para fazer jogging. Passaram quase despercebidos com as suas vestes de feiticeiros perante o despertar daquela cidade Francesa. Pairava no ar um cheiro doce proveniente da massa de “Croissants” acabados de sair do forno. Não demoraram muito a encontrar um vasto jardim florido. Dumbledore ia recitando as palavras de Fleur Delacour, “ Dumbly-dorr, não pode cometerrr nenhum errô para acharr o caminho…”; A imitação da pronúncia de Fleur por parte de Dumbledore foi tão hilariante que todos riram durante alguns minutos. Por fim Dumbledore parou. Estavam em frente a uma velha casa de banho muito mal tratada, que contrastava com o ambiente de perfeição que imperava no jardim. A construção parecia tão deslocada que de súbito todos perceberam: não era visível para os muggles! Decidido, Dumbledore entrou e um a um os companheiros imitaram-no. No interior da casa de banho encontraram-se na mais perfeita escuridão.
- “Lumus”. – A luz embateu numa pequena porta que estava semi-aberta. Com determinação Ron abriu a porta por completo e o espanto apoderou-se de si. Saíram todos por fim, entrando num cenário maravilhoso. Um enorme brasão recortado na relva mostrava duas varinhas cruzadas com três estrelas saindo de cada uma delas. O castelo de Beaxbatons aparecia-lhes soberbamente incrustado na mais pura magia de uma manhã de sol dourado; As torres colossais de beleza terna reflectiam-se nas límpidas águas de um mar azul celeste que acompanhava a linha do horizonte. Jardins sumptuosos delimitavam a entrada principal, levando a uma enorme e soberbamente esculpida porta de carvalho escuro. O cheiro adocicado de milhares de flores dançava no ar uma ode de beleza, o seu par era o cheiro salgado de um mar penetrante. O castelo estendia-se por pavilhões cada vez mais belos onde janelas de prata decoravam os dez pisos que pareciam querer tocar o céu. Jardins floridos e vastos campos onde irrompiam bosques e lagos apareciam a sul do mais belo Castelo que algum dia Harry, Ron, Hermione e até Albus Dumbledore tinham admirado…

3 Comments:

  1. Anônimo said...
    Está excelente!!!!
    Sem palavras.
    Anônimo said...
    Excelente!!!
    Sem palavras
    Anônimo said...
    Espectacular. A melhorar cada vez mais.

    Para quando a próxima parte ?

Post a Comment



Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

Blogger Template by Blogcrowds